terça-feira, 24 de junho de 2008

João Pedro Murteira Rosado, nasceu em Évora corria o ano de 1976, viveu sempre entre Évora e as Alcáçovas, com uma grande afinidade pelo campo e pelos animais, foi cultivando em si uma paixão pelo mundo da tauromaquia, vindo a envergar a jaqueta dos Amadores de Évora com apenas 16 anos, vindo a tornar-se cabo no dia 14-9-2002. Hoje João Pedro, agricultor de profissão é casado e já com dois filhos, anuncia a sua retirada deixando o cargo de Cabo dos Amadores de Évora a Bernardo Salgueiro Patinhas.


João Pedro o que te fez despertar para o mundo dos Toiros e em especial para o Grupo de Forcados Amadores de Évora?

Desde miúdo estive sempre relacionado com corridas, ia às corridas de Évora e também de Coruche terra dos meus avós paternos, na escola toda a rapaziada que me envolvia falava de corridas. Através dos meus amigos Miguel Sotero e do Carlos Conceição comecei a ir aos treinos dos Amadores de Évora, a partir daí fiquei até aos dias de hoje.

Como forcado consideras-te forcado de cara ou como se diz na gíria taurina “ pau para toda a obra”?

“Pau para toda a obra”, todos devemos ser, apesar de ter feito um pouco de tudo, considero-me essencialmente forcado de cara, tive algumas épocas em que rabejei com frequência, também passando pelas ajudas pontualmente, mas vinha sempre ao de cima a grande vontade de servir o grupo.

Quais achas que foram os critérios que o grupo e em especial o J.P. Oliveira tiveram em conta para te entregar o cargo do grupo?

O J.P. Oliveira pensou no meu nome para lhe suceder, a partir daí fez-me o convite, entretanto falou com o restante grupo em que a opinião foi generalizada, ficou então decidido que seria eu o novo cabo do grupo.

Como cabo quais foram as tuas prioridades e objectivos?

As minhas prioridades foram sempre o grupo actual, que tivesse bom espírito, amizade e vontade de pegar os toiros. O objectivo é melhorar sempre o que fazemos em praça.

Que balanço fazes do grupo nestes teus anos como cabo?

Eu recebi o grupo num grande momento com muitos homens e com grandes capacidades, como tal nos primeiros anos os sucessos apareceram e os prémios sucederam-se, ao fim ao cabo limitei-me a gerir a herança deixada pelo J.P. Oliveira. Nas épocas 2004-2005 houve uma grande reformulação do grupo, apesar de muitos forcados continuarem a ser os mesmos, foi a altura de alguns mais novos darem um passo em frente dentro do grupo, isto teve algumas repercussões a nível exibicional, fruto da sua juventude, o que por vezes os toiros não perdoam. No entanto nas últimas épocas o grupo normalizou e voltou aos êxitos como é esperado dentro do nosso seio.

Qual é o peso da responsabilidade de se ser cabo de um dos grupos de mais relevo no panorama taurino nacional?

A responsabilidade é grande, por este grupo já passaram muitos forcados que deram tudo por esta jaqueta que nós agora defendemos, por eles e também por nós que cá andamos hoje em dia, e como não podia deixar de ser pelo público, que espera sempre um grupo de Évora à grupo de Évora e isso obriga-nos a dar sempre o nosso melhor seja na praça mais importante, seja na aldeia mais remota sentimo-nos na obrigação de dar sempre cem por cento. A nível da organização do grupo também é complicado porque as exigências de um cabo são sempre variadas e numerosas, não podemos esquecer que é ao cabo que lhe compete organizar toda a vida do grupo.

Ser-se cabo vai para além do conhecimento pelo toiro e das gentes da festa, tem que se manter o grupo unido e em família, quais foram as tuas técnicas para alimentares esta família?

Gerir um grupo de quarenta elementos todos com opiniões por vezes diferentes não é fácil, eu tive a sorte de ter comigo no grupo um conjunto de forcados inexcedíveis a nível da amizade que tiveram pelo grupo e uns pelos outros e no apoio que sempre me deram, tornando essa função o mais fácil possível, foi também por isto se ter verificado que acabei por andar estes anos no grupo apesar das dificuldades inerentes a isso.

Este ano é o 45º aniversário do grupo, alguma comemoração especial?

Está previsto a comemoração ser numa corrida, mas não posso adiantar nada pois em relação a isso não há nada de concreto.

Conta-nos uma passagem boa e uma menos boa?

Apesar de muitas tardes boas, de sequências de corridas complicadas, que resolvemos da melhor maneira, houve um dia que fiquei muitíssimo satisfeito com a capacidade do grupo, foi dia 8/9/2007 em que pegamos à tarde em Santarém, onde se deslocaram 18 elementos tendo os restantes ficado em Évora, uma vez que nessa mesma noite pegava-mos na nossa praça. Foi um dia de correria e imensos nervos, mas que no fim valeu a pena o risco uma vez que correu tudo pelo melhor. Menos boa sempre que alguém se aleija e principalmente quando são coisas sérias que afectam a vida de qualquer um quer ele seja estudante ou trabalhador.

O que te levou a crer que chegou a altura da despedida?

Sinceramente penso que a minha missão está cumprida, todos temos algo para dar e eu penso que dei nestes anos ao grupo tudo aquilo que estava ao meu alcance, penso também que o grupo irá beneficiar uma vez que terá a partir de agora o Bernardo a comanda-lo, sendo inevitável que será mais um momento de mudança com novas ideias, irá chegar a sítios ainda mais altos do que comigo, por outro lado também a minha vida profissional e familiar já se ressente com as minhas ausências.

O Bernardo, como é que se chegou a este nome?

O nome do Bernardo saiu de uma reunião, onde nos encontramos todos os forcados actuais, na qual todos deram a sua opinião, não tendo chegado a haver votação uma vez que o nome do Bernardo foi unânime.

Algum conselho especial que lhe queiras aqui deixar?

Que faça sempre tudo em beneficio do grupo e nunca em beneficio individual.

Dia 28/6/2008vai ser um data histórica para os Amadores de Évora, para a cidade de Évora e para as suas gentes, o que esperas da reacção dos aficionados, principalmente dos eborenses?

Penso que o publico de Évora é o mais exigente, o mais entendido e também o mais generoso para o forcado, espero para o dia 28 que o possamos brindar com uma grande actuação.

Queres nos dar a conhecer um pouco do que vai ser o dia 28 de Junho?

Dia 28 vamos pegar seis toiros Passanha, o grupo constituído por antigos e actuais, após a corrida teremos uma ceia com a presença de todos e das suas famílias numa noite de confraternização e de festa.









Uma última pergunta, como vai ser o teu dia-a-dia sabendo que estás “aposentado” do grupo de Évora?

O meu dia-a-dia vai continuar sempre a passar pelo grupo uma vez que me venho embora mas deixo lá grande parte dos meus amigos, vou passar a ter mais tempo para a família e tentar recompensa-los por estes anos que estive mais ausente.

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